domingo, 13 de dezembro de 2009

Quem tem boca vai ao Roma

Na década de 90 (1997-98), Simone de Oliveira e Carlos Quintas tinham um espectáculo musical no antigo cinema Roma: "Quem tem boca vai ao Roma". Um espectáculo musical com canções, humor, entrevistas e concurso.

Segue a capa do programa desse espectáculo.




sábado, 12 de dezembro de 2009

Gente Fina é outra coisa - RTP Memória

A RTP Memória está a transmitir a série dos anos 80, "Gente Fina é outra coisa". A série do humor português, tem um elenco de luxo: Amélia Rey Colaço, Ruy de Carvalho, Maria Rey Monteiro, Nicolau Breyner, Luísa Barbosa, Carlos César, Simone de Oliveira, Margarida Carpinteiro e Luís Esparteiro.

NA série, Simone faz de Leonor, segunda mulher de Ruy de Carvalho




domingo, 6 de dezembro de 2009

Ary

A homenagem de "O canto de Simone" a José Carlos Ary dos Santos


Reportagem do MIT 2009 - a homenagem a Simone

Fonte: site "A voz de Ermesinde"

A humanidade de Simone a nú

"Teve início a 18 de Novembro, a 12ª edição da Mostra Internacional de Teatro – MIT, certame que o ENTREtanto Teatro implantou na vida cultural de Ermesinde, ligando a cidade ao teatro do mundo.
Depois de, em edições anteriores, o MIT ter homenageado Geninha Rosa Borges (actriz brasileira), em 1999 – na primeira edição não houve homenagem –, Adelaide João em 2000 e depois, sucessivamente Raul Solnado, Júlio Cardoso, Carlos Avilez, Ruy de Carvalho, Natércia Campos, António Capelo, António Reis e Maria do Céu Guerra, o ano passado, chegou agora a vez de homenagear Simone de Oliveira, uma figura do espectáculo cuja carreira e cuja presença em palco muito a ligam ao teatro.

 
Foi toda uma noite de homenagem em honra de Simone, que o ENTREtanto muito bem fundamentou: «...Não podemos deixar de admirar quem abraçou uma vida inteira, a responsabilidade de pertencer a uma convicção, levando ao palco um dom invulgar (...). Uma carreira, entre outos méritos, marcada pelos prémios de interpretação, talento que impregna as actuações de Simone de Oliveira de dramaticidade e teatralidade. A forma como canta a paixão, a raiva e a revolta: o encanto, a força e as raízes que quase se tornam visíveis e que tal como uma árvore cravada à terra parecem manter cravada ao palco foram razões mais que muitas para esta homenagem (...)».

E todavia, esta excelência revelou-se sobretudo na tenacidade e raiva com que reagiu ao infortúnio, ou à cadeia de infortúnios que pontuou a sua vida. Como quando, no auge do sucesso, de repente, perdeu a voz e se viu obrigada a retirar-se. Só que Simone não se retirou, reeducou a voz, refez o seu gosto e a sua gestualidade e, movida pela grande alavanca do teatro, reaprendeu a interpretar as canções do seu reportório. Ou como quando, quase logo depois, perde o seu pai, que tanto a tinha acompanhado no lançamento da sua carreira. De tudo isso extraiu Simone força para se reequacionar e para crescer de forma insuspeitada.

No seu espectáculo “Intimidades”, aliás, Simone não só cantou como falou também de si e do seu sentir. Mostrou-se “patrioteira” e falou dos bósnios que assobiaram o hino nacional no jogo de futebol do Campeonato do Mundo, desejando responder a isso com um religioso silêncio ante o hino da Bósnia Herzegovina numa futura deslocação a Portugal, e beliscou Saramago, pelas peripécias que envolveram “Caim”.

Numa perfeita simbiose com o piano de Nuno Feist, Simone mostrou que possui afinal muitíssimo mais do que uma bela garganta, um poder interpretativo fascinante.

E falou dos seus poetas, de Torga, de Mourão-Ferreira, sobretudo de Ary dos Santos.

De seguida, continuou a expor-se, no video documentário exemplar coordenado por Júnior Sampaio e realizado por Tiago Soares.

Por fim, foi inaugurada a exposição em sua honra. "
Autor: Luis Chambel



Fotos URSULA ZANGGER

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Simone em entrevista - SIC Internacional - 8/Maio/2008

Simone em entrevista a José Figueiras



domingo, 22 de novembro de 2009

Simone - RTP - Docas

Numa vertente mais cómica, Simone participou no programas DOCAS da RTP (1998/1999)

NO vídeo que apresentamos, Simone faz de uma actriz internacional, com papéis essenciais para as respectivas tramas

Divirta-se


sábado, 21 de novembro de 2009

Simone em dueto - Rui Veloso

O vídeo que mostramos hoje é do programa Piano Bar. O dueto entre Simone e RUi Veloso. A canção Porto Sentido.

Reparem na alegria que Simone mostra a cantar esta cantiga. Anos mais tarde, a canção fez parte do trabalho "Algumas canções do meu caminho".


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Homenagem a Simone - Mostra Internacional de Teatro - VALONGO

"12ª Mostra Internacional de Teatro homenageia hoje Simone de Oliveira, apresentando um vídeo documentário e uma exposição fotográfica sobre a artista.

Amélia Carrapito, produtora do ENTREtanto, afirmou à Lusa que esta homenagem surgiu da percepção de que Simone de Oliveira é "muito querida no Norte, em particular em Valongo", sendo uma forma de "também acariciar o público".

A mostra, que decorre entre hoje e dia 28, apresentará esta noite "Intimidades", de Simone de Oliveira e Nuno Feist.

Esta homenagem é um "evento que marca toda a Mostra Internacional e que pretende contribuir para a aproximação das várias faixas etárias e segmentos de público ao projecto de uma vida em palco, à entrega, tantas vezes difícil, do profissional do espectáculo", refere a organização desta iniciativa.

Simone de Oliveira tem já 50 anos de uma vasta carreira, marcada por festivais da canção, peças de teatro, musicais, programas de televisão e rádio, bem como cinema.

A artista conta com cerca de 80 títulos discográficos, digressões no estrangeiro e inúmeros espectáculos.

O MIT entende que "não pode deixar de admirar quem abraçou, uma vida inteira, a responsabilidade de pertencer a uma convicção, levando ao palco um dom invulgar"."

domingo, 25 de outubro de 2009

Simone e Publicidade - o novo anúncio da CGD

Apesar de ser umas das personalidades mais influentes do nosso país, Simone fez muito pouca publicidade.

A CGD apostou em Simone para promover o seu produto "Caixa activa" para quem, com mais de 55 anos, ainda tem projectos de vida.

Simone dá o seu testemunho de tudo o que fez depois dos 55 anos: as novelas, o teatro, os Cds e DVD e, "aos 70...o meu primeiro Coliseu"

Segue o anúncio para quem ainda não viu


O Canto de Simone: "O céu é bom para mim"

Simone de Oliveira, acompanhada pela Orquestra de Thilo Krassmann, canta no programa TV CLUBE da RTP em 1966


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Simone de Oliveira recorda Amália

Hoje, no especial da TVI, Simone foi convidada a recordar Amália. Simone e Vítor de Sousa contaram variadíssimas histórias aquando da ida de ambos a Paris em 1967. Simone actuou como a "Voz de Ouro" de Portugal. Vítor de Sousa apresentou o espectáculo da música portuguesa no Olympia de Paris. A escolha de Simone para cantar no palco mais prestigiado do mundo (na altura) foi feito por Amália.



Simone conta que estava em casa quando recebeu uma chamada de Amália a convidá-la para cantar no Olympia. Simone disse que não podia aceitar pois não tinha dinheiro para comprar roupa para actuar naquela casa de espectáculos. Sendo assim, Amália manda alguém a casa de Simone para lhe fazerem três túnicas: uma preta, uma verde e outra cor-de-rosa. Ora, a nossa Simone, sempre tão alegre, não queria nada aparecer em palco toda de preto e comenta isso com o Duo Ouro Negro que tratam logo do assunto: estragam a túnica preta de propósito para que Simone actuasse com a verde! A Amália, no final e depois de ver Simone a ter que ir ao palco repetidas vezes para ser aplaudida, pergunta-lhe pela túnica preta e Simone mostra o miserável estado em que a túnica ficou. Amália ao ver, diz: "Está perdoada porque adorei vê-la!"

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Simone ao vivo -APAIXONADAMENTE - 01/Outubro - Vila do Bispo

Simone volta aos palcos.

De acordo com o Correio da Manhã, Simone actuará no próximo dia 01/Outubro em Vila do Bispo, às 16h

Ver notícia aqui

domingo, 27 de setembro de 2009

domingo, 20 de setembro de 2009

Duetos de Simone: Simone e Anabela (Set/09)

Simone e Anabela cantam o sucesso "Vocês sabem lá"

Dá-me Música (20/Setembro) - Sol de Inverno

O penúltimo programa de "Dá-me Música" foi dedicado aos festivais da canção.

Numa das equipas estava Simone de Oliveira (com Heitor Lourenço e Mariana Norton). Da outra, Anabela (com Eládio Clímaco, Serenella Andrade).

Simone cantou (acompanhada por Nuno Feist) a música vencedora do festival de 1965, Sol de Inverno. Apenas voz e piano

sábado, 19 de setembro de 2009

Simone ao vivo - Tango Ribeirinho

Em 2008, Simone animou a Feira de Artesanato do Estoril com o seu espectáculo "Intimidades". Sem playback, Simone cantou no meio da feira.

Durante o espectáculo, Simone que criou uma intimidade mágica com o público. Das crianças, aos adultos, todos ficaram a ver aquele momento único. Porque todos os espectáculos de Simone são momentos que não se repetem.

O fanOTico2 colocou no Youtube uma das músicas da Simone, Tango Ribeirinho

LInk: http://www.youtube.com/watch?v=-tqEm1F9o6U


domingo, 13 de setembro de 2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Simone, título de marcha...

Noite de Santo de António,
Lisboa, 2008,

A marcha da Bica tem como tema da sua marcha, "Um Oceano chamado Simone".
Ganhou nesse ano o título de melhor letra

“Um Oceano Chamado Simone”
Tem alma de caravela
E uma onda à lapela
Que nunca há-de murchar
É filha do nevoeiro
Por isso conhece o cheiro
Que as ondas roubam ao mar
Nos lábios da nossa gente
Baila o seu nome que sente
Que ao descer a Avenida
Uma marcha popular
Não deve falar do mar
Sem também falar da vida
Um palco e uma plateia
Um sol, uma tempestade
O grito de uma sereia
O canto de uma saudade
Uma onda e um piano
Um céu e um microfone
Um barco e um oceano
Com o nome de Simone
Há quem lhe chame cidade
Por pressentir a verdade
Que na sua voz se diz
E por ouvir no seu canto
Cinquenta anos de espanto
Há quem lhe chame país
Mas eu que não tenho nada
Invento uma madrugada
Nas ondas do seu olhar
E descendo a avenida
Nesta marcha colorida
Prefiro chamar-lhe mar

REFRÃO
Letra: Tiago Torres da Silva
Música: Pedro Jóia


domingo, 30 de agosto de 2009

Homenagem a Raul Solnado e Morais e Castro

Porque nunca é tarde para as homenagens às grandes personalidades deste país, O canto de Simone presta homenagem a 2 actores consagrados que faleceram neste mês de Agosto.

Raul Solnado



[Raul foi amigo de infância de Varela Silva e padrinho de casamento de Simone]


Morais e Castro


Os nosso pêssames às famílias.

Simone - 35 anos de carreira (1991) - Algumas canções do nosso caminho - Viagem

Simone foi a primeira (e única?) cantora de musica ligeira a dar um espectáculo no palco do teatro nacional D. Maria.

Algumas canções do meu [nosso] caminho foi um espectáculo que ficou na memória de todos os que gostas e admiram Simone. Das muitas imagens, o encontro entre Simone e Eunice Muñoz ficou como imagem de marca.

O autor le2256 publicou no Youtube alguns vídeos do espectáculo. O Canto de Simone coloca aqui um vídeo desse espectáculo


O Canto de Simone - Cidade, O Amigo que eu canto e No teu poema

RTP - 1994

Herman José apresentava o programa Parabéns. A convidada principal nesse dia era Simone de Oliveira. Na plateia a presença do filho de Simone e de Varela Silva.

Foi nesta entrevista que Simone falou, pela primeira vez, do seu problema de saúde (1988)

3 momentos musicais a ver com toda a atenção
Cidade

No teu poema


Este Amigo que eu canto

(O Canto de Simone aproveita para agradecer ao autor do blog http://in-senso.blogspot.com/ pelos videos no Youtube e pela presença neste espaço)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Recriações do Passa por mim no Rossio

Passa por mim no Rossio, foi um êxito no início dos anos 90. Tinha tudo o que era preciso para o sucesso: a criatividade de La Féria, o apoio do estado, o elenco do Teatro Nacional D.Maria II.

Simone dá provas da sua arte (voz e presença nas tábuas do palco) que ficaram na memória.

As recriações foram para o programa de televisão "Maldito Cabaret" de Filipe Lá Féria




domingo, 2 de agosto de 2009

Simone em entrevista à TVGuia


(clicas nas imagens para ler)


Digitalizações gentilmente cedidas por Miguel Meira. Obrigado.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Homenagem a Carlos Canelhas e Joaquim Luís Gomes



"E no 1º Festival da Canção, penso que 1964 por aí, 65 foi o Sol de Inverno, eu canto uma canção do Carlos Canelhas que ainda hoje me emociona e me toca, que é daquelas coisas que ficaram para sempre, há 40 anos, na minha alma e na minha vida. Para todos vocês, eu estou neste momento, nestas minhas "Intimidades", OLHOS NOS OLHOS." - Simone de Oliveira in Intimidades




Também Joaquim Luís Gomes nos deixou. A ele se deve a orquestração da grande música de Simone de Oliveira, "Desfolhada"!


As nossas condolências.

domingo, 26 de julho de 2009

Cavalo à Solta cantado por vários cantores, entre eles Simone de Oliveira!

 

1ª parte do Festival RTP da Canção de 1986. Cavalo à Solta foi considerada a melhor canção de sempre e os vencedores do Festival até então cantaram-na na 1ª parte do Festival de 1986.

sábado, 25 de julho de 2009

Entrevista a Simone de Oliveira - «O meu nome é Simone e canto cantigas»

A entrevista é do site sexoforte.net e é da autoria de Cátia Viegas

Um timbre de voz inconfundível, uma personalidade forte, sempre rebelde e lutadora continua a desafiar as convenções pré-estabelecidas e a retirar dos momentos menos bons da vida um ensinamento positivo. Simone é a Cantigas de Varela e de um Portugal que a tem, e ainda bem, como exemplo de vida e determinação! Bem-haja!
SexoForte - O que considera realmente único na sua vida?
Simone de Oliveira - O amor definitivo aos meus pais, filhos e netos.
SF - Qual o papel dos homens na sua vida?
SO - É um papel bastante importante. Mas o que nos enriquece a vida são as pessoas por inteiro, na sua integridade absoluta, independentemente de serem homens ou mulheres.
SF - Foi casada com o actor Varela Silva. Pode contar-nos como foi o pedido de casamento?
SO - Essa história é muito bonita… Já Vivíamos juntos há 17 anos. Certo dia fomos almoçar à Costa da Caparica, namoriscámos muito por aquelas bandas, e ele estava ansioso. Notava-se que queria contar-me qualquer coisa, mas não sabia como nem com que palavras, até que lhe perguntei: «Qual é o drama desta vez?». Os amigos chamavam-lhe O Dramas, embora fosse um homem absolutamente extraordinário, era muito taciturno, sério e fechado. A mim chamava-me Cantigas… Mas adiante..., pedi-lhe que me contasse o que se passava e foi, então, que ele começou: «Tu casas comigo, não casas? Já tratei de todos os papéis na conservatória, mas a senhora diz que é preciso a tua assinatura». Eu não pensava nisso, nem tão pouco era minha vontade. Mas, perante aquela declaração, só me ocorreu responder: «Sim».
SF - Foi um momento bonito… Depois de 17 anos de namoro.
SO - Casámos a 7 de Setembro porque ele queria casar com 59 anos e o seu aniversário era no dia 15. E fez tudo muito à séria e com todo o preceito. Mandou chamar um táxi e lá foi para a conservatória. No caminho, o taxista, que o conhecia bem comentou: «Sr. Varela, hoje está muito bem parecido, bem arranjado…». «Vou-me casar», respondeu o meu marido. É claro que o taxista perguntou logo: «Então e a menina Simone? Não me diga que não é com a menina Simone». Chegados à conservatória, o Varela pediu-lhe: «Agora volte a casa para ir buscar a minha mulher». [Risos]

SF - Em nova era uma mulher muito interessante e continua a sê-lo. Como sente o inevitável passar do tempo sendo que, no seu caso, no seu caso não se trata de um envelhecimento…
SO - Lido muito bem com o passar do tempo, talvez porque goste muito de mim como sou. Mudo de cor de cabelo apenas por motivos profissionais. Um dia destes dá-me uma zoina e corto curto. Aceito-me muito bem com a idade que tenho. Gosto de mim como sou. E esforço-me sempre por olhar para o lado positivo da vida, mesmo quando as coisas correm menos bem... Quando a minha mãe morreu, tinha eu 30 anos, foi um momento de profunda tristeza, absolutamente inenarrável, chorei muito e estive muito triste mas sai dali e fui fazer uma comédia. Dois anos depois faleceu o meu pai e fiz o mesmo. Por estes momentos, quando acordo e vejo no espelho as minhas rugas digo de mim para mim: «Sem rugas o que seria da minha alma. As minhas rugas são a minha vida».
SF - A sua cantiga: A Desfolhada. Representando este tema um ícone da libertação da mulher em Portugal. a Simone sente o peso dessa responsabilidade?
SO - Sabe que eu não fui a primeira escolha para cantar A Desfolhada. O José Carlos Ary dos Santos, depois de várias recusas, perguntou-me se me atrevia a cantá-la e disse-lhe que sim. A partir dessa altura criámos um laço de amizade muito, muito forte e eterna. Até hoje. Sinto muito a sua falta, do poeta e do amigo. Quanto ao peso da responsabilidade, sinto que é grande o peso de ser a Verdade e a Força e, às vezes, tenho vontade de ser apenas eu, Simone.
Enquanto entrevistada, Simone dava instruções relativamente a mudanças em sua casa e acautelou: «Cuidado que aí está o vestido da Desfolhada que já tem uns 40 anos e está prometido à minha filha».
Simone de Oliveira é filha de pai belga e mãe portuguesa. Aos 19 anos, foi-lhe aconselhada uma distracção e matriculou-se no Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional e o futuro ficou-lhe traçado.
Cantou pela primeira vez num Festival RTP da Canção em 1958. Nos dois anos seguintes, aliás, seria a grande vencedora daquele concurso.
São muitas as cantigas que nos levam a Simone de Oliveira e muitos os nomes que a acompanharam deste o tempo do teatro (estreou-se na Revista em 1962).
«Sempre que Lisboa Canta», «Tu», «Nos Teus Olhos Vejo o Céu», são alguns exemplos de êxitos que levaram à conquista do Prémio de Imprensa de 1963, um galardão que recebeu por diversas vezes, incluindo para a categoria de Melhor Cançonetista.
Foi um momento alto na carreira de Simone com vitórias sucessivas e a eleição de Rainha da Rádio. Sucederam-se os discos e os sucessos e nada pára a mulher conhecida como «A Força».
Ao vencer o Festival RTP da Canção, em 1969, conheceu o maior momento da sua carreira. Com letra de José Carlos Ary dos Santos e música de Nuno Nazareth Fernandes, a jovem Cantigas, Simone de Oliveira, abana as vidas portuguesas presas à ditadura quanto interpreta «Desfolhada Portuguesa». Poucos são os dessa época que alguma vez esquecerão a mulher que ousou proclamar: «quem faz um filho fá-lo por gosto».
Durante dois anos perdeu a voz, mas não a força. Jornalismo, rádio, locução de continuidade, apresentação do concurso Miss Portugal e espectáculos no casino da Figueira da Foz permitiram-lhe continuar até recuperar e regressar aos palcos.
Entre muitos momentos altos, destaque para 1977, ano em que foi convidada para participar no espectáculo do Jubileu de Isabel II de Inglaterra. Três anos depois, em Buenos Aires, no Festival da OTI, a orquestra, num gesto único, levantou-se para aplaudir. «À tua espera» recebeu ali o prémio de interpretação.
Comemorou as bodas de prata da sua carreira, com o programa televisivo «Meu Nome é Simone», depois de ter cantado com muitos dos grandes nomes da canção portuguesa e internacional.
Casada com o actor Varela Silva e mãe de dois filhos de um primeiro casamento, a sua impressionante força venceu um cancro de mama, tornando-se numa das imagens de luta contra a doença.
Detentora de uma personalidade irreverente, activista, forte e inabalável nas suas ideias, Simone da Oliveira oferece-se intensamente. Na paixão pela vida é o exemplo.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Adeus Palavras Gastas – Simone de Oliveira

 

Simone de Oliveira cantou Eugénio de Andrade na Gala da Mulher 2009, no Casino Estoril.

Adeus Palavras Gastas aqui numa interpretação soberba!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Liberdade 21 - participação de Simone de Oliveira

Simone demonstrou em várias séries e telenovelas a sua faceta de actriz

Na série da RTP1, Liberdade 21, Simone faz se uma "avózinha alternativa"

Segue o episódio total

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

terça-feira, 7 de julho de 2009

Simone ao vivo - Serpa

Notícia de última hora:

Simone de Oliveira vai apresentar o seu espectáculo "Intimidades" em Serpa, no FESTIVAL NOITES NA NORA

Pela agenda do festival (disponível aqui), Simone irá actuar dia 24/Julho

domingo, 5 de julho de 2009

Foto de Simone

Fotografia de Simone retirada do site: http://eurovision.ndr.de (relativa ao festival de 1969)

Da fotografia, reparem no olhar de Simone que consegue dominar toda a imagem

Discos de Simone - "Simone canta Nóbrega e Sousa"


EP de Simone de Oliveira com as músicas
Cantiga de Amor
Amanhã Serás O Sol
Não Te Peço Palavras
Quero Viver Em Paz

A autorias das composições: Todas as composições : Nóbrega e Sousa - António de Sousa Freitas

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Simone no programa Contacto - SIC

Porque as imagens valem mais do que mil palavras
(vídeo também disponível em http://sic.aeiou.pt/online/video/programas/contacto/2009/5/simone-de-oliveira.htm)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Simone de Oliveira canta “A Canção da Saudade”

“Cena do filme "A Canção da saudade" onde Simone de Oliveira canta uma canção com o título do filme.”

sábado, 23 de maio de 2009

Entrevista de Simone - jornal SEXTA - 1ª parte


Simone é a Desfolhada Portuguesa, todos o sabem. Mas Simone é também Avé Maria do Povo, canção com versos de Ary dos Santos que entoa quando se lhe pede para escolher um poema.

Simone é «quem faz um filho fá-lo por gosto». Simone é«Avé Mulher do povo» a quem se pede que olhe por quem está só, quase abandonado, mal-aventurado. «É canção tão terra como a Desfolhada, profundamente política e que passou despercebida», explica.

Simone é forte mas chora, olha com serenidade para o passado mas apetece-lhe dizer «olá» quando vê, na RTP Memória, Varela Silva, seu último companheiro, desaparecido em 1995.

Simone teve de tudo, agradece à vida mas perdeu muitas batalhas. Adora viver mas às vezes sente que tem 120 anos. Tem 70. Uma vida que dava um romance, um filme, muitas homenagens. Diz que teve sorte. É uma senhora.

«Nunca quis cantar, nunca quis ser actriz, nunca quis ser coisa alguma. Podia terido fazer bolos», dispara, assim, quase com indiferença. Tinha19 anos, acabado um casamento breve que a deixara de rastos. O médico aconselhara a família a mandar a menina fazer alguma coisa de que gostasse. Foi «por ali», pela música, porque a irmã dizia «ah ela tem uma voz assim». Levaram-na ao Centro de Preparação dos Artistas da Emissora Nacional. Pouco tempo depois era assim: «Quando me começo a pintar, era um bocadinho faça favor de desculpar porque tenho de ir para cima do palco». Diz que «entrou tudo em parafuso em casa». A menina, «simples e ingénua», emancipara-se cedo. «Costumo dizer que a independência das mulheres portuguesas começa quando elas dizem vou ali abaixo beber uma bica. Eu fui aos 19 anos. Tinha um pai aberto, mas,
coitado, calhou-lhe esta filha...»

A vida já lhe pregara uma partida. «E foi acontecendo, grava-se um disco, mais uma cantiga, outro êxito, um prémio.» Sem rumo, ao sabor do destino, agarrada a «fios» que a levaram por «caminhos inesperados». Foi mãe solteira duas vezes. Maria Eduarda e António Pedro, com diferença de 22 meses e hoje com 48 e 46 anos, estão formados, «nunca deram um problema». Criou-os sozinha, «sem um tostão de ajuda sequer para o livro da quarta classe». São o seu orgulho, vê-se nos olhos que se esforçam para travar as lágrimas. E o que ela chorou, em 1957. Diziam que estava amancebada. Até se arrepia só de dizer a palavra. Os sentimentos inundam Simone, que já fala quase com raiva quando recorda os dias que passou «de chapéu na mão, de igreja em igreja» a pedir que baptizassem os filhos. «Só perguntava porquê.» Foi uma tia, irmã da mãe, que a ajudou. «Traga-me cá as crianças, disse-lhe um padre da Amadora. Era um padre comunista.»
(cont.)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Ainda Maria Solidão

Agradecemos ao amigo Luis Esteves o texto que se chegue

Texto publicado em 1964 na revista Rádio e Televisão e que consta da contra do Ep de Simone que contém a canção Maria Solidão:

“Simone reinaugurou a canção portuguesa. Introduziu-lhe modernidade, lucidez e dramatismo.

A canção portuguesa era um cartaz de turismo a esfacelar-se num tapume. Tinha galo de Barcelos, tinha fole de acordeão, tinha fandango. O sol era uma lâmpada de 25 velas pintada de amarelo.

A alegria era um esgar sem cálcio. Vivia do lugar-comum, da quadra e da charanga.
Simone reinaugurou-a. Estilhaçou-lhe a estrutura rígida. Deu-lhe maleabilidade, comunicou-lhe humanidade, tornou-a habitável.

Simone intelectualizou-a, conferiu-lhe um significado, criou para ela uma linguagem certa, clara e funcional. Deu-lhe uma expressão, uma dimensão humana.

Simone invadiu-a de sensibilidade. Preencheu essa faixa vazia que está entre a palavra e a emoção.

A canção portuguesa era um manequim de museu de arte popular, com um riso de papelão e brincos de filigrana. A canção portuguesa foi actualizada e humanizada… Simone criou um estilo que é suficientemente amplo, rico e flexível para suportar um repertório. Simone não é riso que canta nem um autómato que gesticula. Cada canção é uma forma. Cada canção exige uma interpretação. Simone compreende as palavras que profere. A canção de Simone pertence-lhe, identifica-se com ela. As palavras não têm existência autónoma. É Simone que lhes dá sentido, força emocional, densidade.
Simone não é a voz obediente que articula rimas e ondula no perfil da melodia.

A canção está nela e nunca é igual.

…. Simone está entre Maysa, com a sua tristeza dolente e Piaf, com o seu desespero frenético.
Se souber exigir para o seu talento as palavras e a música do tempo e do estilo que lhe pertencem, Simone será a actriz e a voz de toda uma década.”

ARTUR PORTELA, filho
In Rádio e Televisão

O canto de Simone - Maria Solidão

Uma das canções de Simone de Oliveira (que melhor traduz a arte de Simone) é a canção "Maria Solidão"








A canção faz parte de um disco onde fazem parte o êxito "Olhos nos Olhos"

Nóbrega e Sousa/Jerónimo Bragança


Quem me fez mal
Afinal foi a vida
Eu quis viver
O prazer sem medida
Não pensei nada mais
Quis viver e perdi
Coração
E ganhei solidão
Tens ao dispôr
O amor que foi nosso
Ao menos tu
Sê feliz, eu não posso
Eu sei que já vou
A descer ao porão
Sem amor, sem ninguém
Sem perdão
Vou por aí
Sem saber o caminho
Já me esqueci
Do que é ter um carinho
Quem me vê nem supõe
Ser assim, ser tão só
Faz-me doer ter amor
E não ter
Mas tens ao dispor
O amor que foi nosso
Ao menos tu
Sê feliz, eu não posso
Eu sei que já vou
A descer ao porão
Sem amor, sem ninguém
Sem perdão
Sou infeliz ou feliz
Já não sei bem
Já não sou eu
Sou alguém que se perdeu
Sou um pregão
A gritar por aí
A saudade, ciúme, remorso, pecado
Traição
Vem tu também
Ao leilão
Quem quer comprar
Solidão

Fonte: http://oblogdoanao.blogs.sapo.pt que disponibilizou o vídeo no Youtube.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

sábado, 2 de maio de 2009

O canto de Simone - Fim de Romance

O vídeo de hoje (retirado do Youtube) é de autoria de "antoniomcmoreira".

Nele, Simone canta "Fim de Romance". O programa de Artur Agostinho é de 1962. Simone estava no início da sua carreira, dando os primeiros passos numa carreira de sucesso.

O que mais me chamou à atenção neste vídeo foram as expressões de Simone e a vida que deu à música.

Simone prova ser uma artista única. Com um estilo próprio e uma maneira de cantar tão própria que gera amor ou desamor.

Porque é merecido, um destaque merecido à música de uma qualidade excepcional


sexta-feira, 1 de maio de 2009

Apresentação do espectáculo "Conversas de Camarim" - 2006 - SIC

A reportagem da SIC à estreia do "Conversas de Camarim" de Simone de Oliveira e Vitor de Sousa.


domingo, 26 de abril de 2009

Simone e os 50 anos de carreira....de Alvim

O comunicador Fernando Alvim lançou recentemente o livro"50 anos de carreira". O título foi inspirado no facto de Simone ter comemorado tal marca em 2008

A reportagem é do programa da TVI Caia quem Caia onde Simone foi apanhada numa entrevista hilariante


Simone e Vitor de Sousa em Loulé - conferência "Horizontes do Futuro"

[texto retirado do site www.regiao-sul.pt, autoria de PM/RS]

"Simone de Oliveira, um símbolo e exemplo para todas as mulheres portuguesas pelo seu percurso de vida e carreira, e Vítor de Sousa, actor e “declamador” de poesia como poucos em Portugal, foram os dois convidados de mais uma conferência “Horizontes do Futuro”, que decorreu na noite do passado dia 23, no Salão Nobre da Câmara de Loulé.
Num tom mais informal do que as conferências anteriores e perante um público marcadamente feminino, os dois convidados abordaram diversos temas do passado, sobretudo sobre as suas vivências pessoais e num diálogo entre ambos e o público, que abarcou várias situações do quotidiano passado e presente, perspectivando o que poderá ser o futuro da sociedade portuguesa e do papel da Mulher. Amigos de longa data, os dois artistas têm partilhado o palco, por exemplo na célebre peça inspirada “A Tragédia da Rua das Flores”, ou nas “Conversas de Camarim”. E essa cumplicidade foi bem notória ontem à noite, até nos poemas escolhidos por Vítor de Sousa para declamar nesta noite, de poetas como Ary dos Santos, Sophia de Mello Breyner Andresen, Rita Olivais, Alda Lara ou Rosa Lobato Faria.
Apesar de assumir que tem “um feito um pouco complicado”, Simone referiu que são pontos a seu favor a sua frontalidade e o facto de se bater sempre pelas suas ideias e não aceitar injustiças e má educação. Talvez tenha sido esse o segredo do seu sucesso enquanto artista mas também o que lhe permitiu ultrapassar as diversas contrariedades da vida. E foi por aí que Simone começou. Pelo seu primeiro casamento, com apenas 19 anos, que não durou mais de 2 meses devido às agressões físicas por parte do marido e que a levaram a fugir de casa. “O que me choca é que hoje continuamos a ter imensos casos de violência doméstica”, referiu, adiantando que “somos o país do faz de conta”. Mas apesar da mágoa deste momento que marcou a sua vida, Simone retira dele o lado positivo pois foi a partir daí que começou a cantar “por recomendação médica, pois nessa altura ainda não havia o Prozac”.
A forte ligação com os seus filhos (“são a coisa mais importante da minha vida”) e as dificuldades em registá-los depois da separação, face às dificuldades burocráticas nesta matéria impostas pela Ditadura, e os relacionamentos com Henrique Mendes e Varela Silva também serviram de tema à conversa.
Mas como não podia deixar de ser, as questões mais controversas da sua carreira como a rivalidade com Madalena Iglésias (“uma mulher extremamente bonita e muito certinha”) ou o facto de a conotarem com o regime de Salazar serviram também para algumas reflexões. E quando questionada por Vítor de Sousa sobre “onde estavas tu no 25 de Abril?”, a intérprete da “Desfolhada” descreveu “o bonito dia de sol” em que ia dar um concerto em Almada mas que foi cancelado por causa do movimento revolucionário. A política, de resto, foi um dos assuntos abordados e sobre o qual Simone disse manter uma certa distância, até porque considera que um dos problemas actuais é “a falta de credibilidade dos políticos” e também o facto de “haver poucas mulheres na política”. “Nunca fui muito interessada politicamente mas apoiei alguns presidentes da República como Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio”, adiantou.
Também em relação à religião manifestou a sua descrença nos mandamentos da Igreja e nas suas posições polémicas face, por exemplo, ao uso de contraceptivos. “Se a Igreja quer ser credível tem que dar exemplos que não dá. Não acredito nos padres. Os homens é que fizeram as leis da Igreja. Porque é que o preservativo é pecado?”, questionou. Mas, por outro lado, assumiu perante o público louletano o seu lado esotérico que a faz irradiar energia positiva. De José Carlos Ary dos Santos, autor de muitas das canções que marcam a sua carreira e também amigo do coração, contou alguns episódios especiais. E foi precisamente quando Vítor de Sousa declamou um poema de Ary dos Santos intitulado “Nome” e dedicado à cantora que Simone mais se emocionou.
Para encerrar a noite, Simone deixou um conselho às mulheres portuguesas e que tem sido um lema na sua vida, mesmo nos momentos mais difíceis como foi o período em que lutou contra o cancro: “Acreditem no sonho! Acreditem sempre que vale a pena pois não podemos perder a capacidade de sonhar e de amar!”.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Simone em entrevista à revista CARAS

“Tenho sido posta à prova durante toda a minha vida”

(entrevista retirada do site caras.pt. Texto de Cláudia Alegria. Destaques da responsabilidade da equipa do "O Canto de Simone")

Ao longo dos seus 71 anos, a cantora já foi vítima de violência doméstica e superou dois cancros da mama. É uma mulher de garra, de paixões assolapadas. Vive intensamente as alegrias, os sucessos, os problemas... enfim, a vida. São 71 anos de reconhecido talento para a música e para a representação, durante os quais também enfrentou muitas vicissitudes e contrariedades. A primeira foi aos 19 anos, quando percebeu que era vítima de violência doméstica. Por isso, ao fim de apenas três meses de casada, decidiu fugir de casa. Pouco depois entrou em depressão, da qual só conseguiu sair graças à música. Enfrentou duas vezes o drama do cancro da mama: o primeiro há 21 anos, o último há dois. Amarguras que nunca lhe conseguiram roubar a alegria de viver. “Adoro viver! Continuo a gostar de sair à noite, de guiar, de beber um copo”, assegurou Simone de Oliveira nesta entrevista à CARAS.


– Comemorou recentemente 50 anos de carreira, 71 de idade. Apesar de todas as contrariedades, o balanço de vida continua a ser positivo?

Simone de Oliveira – Com certeza. Uma pessoa que chega a esta idade, que tem a sorte de ser entrevistada para a CARAS, é estar no pico do mundo! [risos] Têm sido 70 anos muito bons, misturados com alguns balanços de saúde menos positivos, mas, uma vez mais, ultrapassados. Estou convencida de que tenho uma ‘estrelinha’ que me tem apoiado. Não digo que seja Deus, porque não vou muito por aí...


– Mas é católica?

– Sim, mas não sou praticante. Sou baptizada, fiz a Comunhão Solene e o Crisma, e, infelizmente, casei-me pela Igreja.

– Infelizmente porquê?

– Porque mais tarde isso me impediu de muitas coisas, inclusivamente de baptizar os filhos que tive posteriormente, noutra relação. Tive de esperar dez anos para que eles não ficassem com o nome do meu primeiro marido.

– Sente que tem sido constantemente posta à prova?

– Sinto. Aliás, começou muito lá atrás...


– Com uma depressão aos 19 anos, por causa do seu primeiro casamento…

– Sim, fui vítima de violência doméstica. Casei-me aos 19 anos, mas separei-me logo. Tive medo e fugi. Hoje fala-se muito de violência doméstica, mas há 50 anos toda a gente tinha vergonha de falar nisso e medo de voltar para casa. Mas eu tive a sorte de ter um pai e uma mãe brilhantes.

– Há dois anos descobriu outro tumor maligno na mama, 20 anos depois de ter combatido o primeiro. Sentiu diferenças na forma como foi tratada?

- Senti diferença no método e na forma de tratamento. Há 20 anos fiz 50 sessões de radioterapia e desta vez fiz mais 35. Agora entrei numa espécie de nave espacial, com raios laser e portas de aço, da outra vez entrei numa casinha, deitei-me numa marquesa com um aparelho muito grande por cima de mim, e a única coisa que ouvia era o bater do meu coração e o tiquetaque do relógio. A senhora que trabalhava naquele consultório disse-me que um dia havia de morrer de cancro, e morreu, porque a sala não tinha protecção nenhuma... Desta última vez fiz os tratamentos durante as gravações de uma telenovela, porque não me senti agoniada nem maldisposta.

– Chorou nessa altura?

– Não, desta vez não chorei. Da outra vez chorei duas vezes violentamente, uma delas agarrada às mãos do meu filho. Eu fujo à frente do medo! Nunca deixei de fazer os exames de seis em seis meses, mas a verdade é que das duas vezes fui eu quem se apercebeu de que algo estava errado, o que os médicos acabaram por confirmar. Tenho tido muita sorte... Desejava ardentemente que todas as mulheres que passam por isto tivessem sempre a sorte que eu tenho tido. Claro que cada tumor é um tumor, cada pessoa é uma pessoa, mas também acredito muito na força da nossa mente.


– Com uma vida tão rica, o que lhe falta ainda fazer?

– Morrer... Tenho 71 anos, dois filhos, quatro netos, tenho os prémios todos deste país, as condecorações, continuo a ter a voz óptima, um cabelo maravilhoso... Um dia destes saio de casa, levo com um tijolo na cabeça, e acordo a cantar a Desfolhada para o São Pedro. O que me falta fazer? Já não vou ter uma casa com piscina, nem ganhar discos de platina ou tão-pouco cantar mais 50 anos e viver mais 70.


– Continua a deixar o candeeiro da sua sala aceso, como passou a fazer desde que o seu marido, Varela Silva, morreu?

– Sim, continua aceso nesta altura, mas um dia destes perco esse hábito.

– Já tentou fazê-lo?

– Já, mas depois chego à rua e acabo por voltar atrás para o acender.

– Sente o peso da solidão?

– Há ocasiões. Eu sou naturalmente uma pessoa solitária, embora tenha muitos amigos à minha volta. Vivo sozinha e às vezes não é muito confortável chegar às 11h da noite e pensar que me pode acontecer alguma coisa e não ter tempo de chegar à porta...

– Nunca ponderou voltar a partilhar a sua vida com alguém?

– Tenho uma casa de duas assoalhadas. Se entrasse alguém por uma porta, eu teria de sair por outra! [risos] Não viveria jamais com ninguém.


– Jamais?

– Estou tão bem assim... Saio com quem quero, almoço e janto com quem quero... Vivi 33 anos com o Varela, 17 dos quais maritalmente... Não voltaria a viver dentro da mesma casa com outro homem. Tinha de ser alguém alto, bonito, com uma idade compatível com a minha, inteligente, rico, não chato, e viúvo ou divorciado, para poder estar comigo calmamente. Não dava muito jeito agora ter de andar a fugir de porta em porta... Já o fiz há muitos anos, não tenho vergonha nenhuma de o dizer. Mas com esta idade, ainda por cima com uma prótese da anca, tinha que andar de bengala rua acima rua abaixo, não dava jeito nenhum!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Porque É Que Nunca Ganhámos A Eurovisão?" - espectáculo com Simone

Festival RTP da Canção de 1997. Simone fazia 40 anos de carreira. Na altura, fazia televisão (novelas Roseira Brava e Vidas de Sal), rádio (Se a manhã se despenteia) e teatro (Quem tem boca vai ao Roma).
Além de toda a actividade profissional, participava com alguma regularidade nas galas da RTP produzidas por Filipe La Féria.
O tema do espectáculo do Festival da Canção era o facto de Portugal nunca ter ganho. De destacar a caricatura de Helena Isabel e a interpretação de Apenas o Meu Povo pela Simone


Simone e Amália @Piano Bar

Simone teve o seu próprio talk show nos anos 80. Chamava-se Piano Bar. Nele, as entrevistas às personalidades da época e a música. Tudo ao estilo e com a forte marca de Simone.
No último programa, a entrevista a Amália Rodrigues. A uma Amália que mostra as suas fragilidades (como a referências às tentativas de suicídio) tal como mostra o seu humor inteligente.
O Canto de Simone publica aqui esta gravação de autoria de "antoniomcmoreira". Uma entrevista para ver e aprender



domingo, 12 de abril de 2009

Simone - Os Gatos

O poema é de José Carlos Ary dos Santos. "Os Gatos" foram escritos para os 25 anos de carreira de Simone num projecto que nunca saiu do papel. Desse projecto fazem parte poemas como "A Cidade", "O País do Eça", "O nome" entre outras.

O espectáculo é a Vez e a Voz, espectáculo de comemoração dos 25 anos de carreira de Simone

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fotos de Simone

(Foto retirada do blog http://ruimoraisdesousa.blogspot.com/)

40 anos de Desfolhada - Simone no "Uma canção para ti - 2009"

O programa da TVI, "Uma canção para ti" pretende mostrar novos talentos. Goste-se ou não, tem a grande virtude de mostrar o que temos de melhor: a música portuguesa.
Neste vídeo 3 concorrentes cantam a Desfolhada com Simone. Note-se a humildade da Simone e a frescura da Desfolhada, 40 anos depois do festival


quarta-feira, 25 de março de 2009

40 anos de Desfolhada - O século ilustrado do dia da vitória

Imagem retirada aqui
(site www.pcp.pt)

40 anos de desfolhada - Histórias do festival

"Em 1969, ano da vitória da canção "Desfolhada portuguesa" defendida por Simone de Oliveira, as montras da baixa lisboeta decoravam-se para o efeito com posters, discos e cartazes dos participantes, e um carro circulava pelas ruas fazendo publicidade à canção que Artur Garcia iria defender "Sombra de Ninguém".
O festival realizou-se nesse ano no Teatro Municipal de S.Luís e foi apresentado pela actriz Lourdes Norberto, que foi muito criticada pela imprensa da época tendo fechado o evento a fadista Maria Teresa de Noronha.
"

Notícia retirada do site: http://tv1.rtp.pt/noticias

40 anos com Desfolhada - Simone nos anos 80

O vídeo que se segue, retirado do Youtube, é uma gravação da RTP Memória.



Simone participa num espectáculo de homenagem a Hermínia Silva. No vídeo a Desfolhada num tom de fado. A sensualidade e a interpretação próprias de uma artista chamada Simone


sexta-feira, 20 de março de 2009

40 anos de desfolhada - Madrid

Uns dias antes Simone ganhava o festival no Teatro S.Luiz, em Lisboa.

Como a própria afirma, "sabia muito mal o poema e vi quem não deveria ter visto na plateia. Podia ter dado para fugir...."





Depois de Madrid, o país mergulha em estado de "Simonite". Os muitos concertos levam a que, em poucas semanas, Simone perca a voz que a tornou a menina dos festivais

domingo, 15 de março de 2009

40 anos de Desfolhada - A visão de Espanha


É assim que cantora e a interpretação da Desfolhada é vista por "nuestros hermanos"

"Simone de Oliveira cantó la melodía de Portugal. Una canción de estilo clásico con aires de fado era la aportación de este país. Sacó un vestido precioso verde en gasas, muy elegante. mientras las chicas del coro iban de rojo, así hacían la bandera portuguesa. Dirigió la orquesta Ferrer Trinidade. Aunque el tema no fuese lo suficientemente "moderno" para lo que se esperaba en comparación de lo que se escuchó esa noche, éste era muy original, precioso sin más. Los jurados no lo vieron así y solo consiguió 4 puntos por parte de España, Bélgica y Francia, quedando en penúltima posición. En el coro que la acompañaba figuraban Antonio Luis Gómez, Maria Alexandra de Brito y Natalia Rodrigues de Matos. El título era Deshojada, en español, que fue como se mantuvo ya que en portugués era "Desfohlada portuguesa". La composición es de Nuno Nazareth Fernandes y la letra de José Carlos Ary Dos Santos. Este tema que tenía una letra muy feminista pasó a medias la censura en España que era muy reticente a cualquier proclama de cualquier tipo, con todo la letra bastante poética confundió tanto a los regímenes salazarista como franquista y pudo ser expuesta en el Festival, aunque salió muy perjudicada en los votos."
(informação retirada do site http://www.eurovision-spain.com)

40 anos de Desfolhada - O poema

Escrita em 1968. Foi inicialmente patenteada com o título Desfolhada Portuguesa, modificado pelo autor em 1969 para Desfolhada.

Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.
Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.
Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.
Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.

letra de José Carlos Ary dos Santos

sexta-feira, 13 de março de 2009

40 anos de Desfolhada - o vinil


Devido à participação no festival RTP da canção, os artistas gravam um trabalho de promoção da canção do evento

No vinil de Simone do festival de 69 as músicas eram:
Desfolhada Portuguesa
Cinco quadras Cinco Pedras
Ave-Maria do Povo (considerada como uma das mais políticas do reportório de Simone)

quarta-feira, 11 de março de 2009

40 anos de Desfolhada - O vídeo do festival RTP da canção

O video é bastante conhecido. Corresponde à interpretação de Simone no festival RTP da canção que conduziu ao primeir lugar nesse ano.

A interpretação depois da vitória, ao contrário do que publicamos não existe na RTP. Vários foram os momentos da carreira de Simone que perdemos rasto. Mas a memória dos seus admiradores permite transmitir aos mais novos partes dessas memórias.

Obrigado pelo vosso contributo

sexta-feira, 6 de março de 2009

40 anos de Desfolhada - A canção mais mobilizadora e entusiasmante do festival


"Das participações portuguesas na Eurovisão, a "Desfolhada" de Simone de Oliveira está longe de ser a mais bem sucedida (Lúcia Moniz, em 1996, ganhou esse rótulo), a historicamente mais marcante (Paulo de Carvalho, em 1974, viu "E Depois do Adeus" transformado em senha de revolução), mas constituiu, sem dúvida, a mais entusiasmante e mobilizadora de todas. Segunda participação eurovisiva de Simone de Oliveira (que tinha já sido enviada a Nápoles para defender "Sol de Inverno" em 1965), a "Desfolhada" mereceu honras de causa nacional. Em Madrid recebeu apenas quatro magros pontos (dois espanhóis, um francês e um belga), para verdadeiro luso-escândalo. A cantora foi, de resto, esperada em Santa Apolónia, ao regresso, com sonora manisfestação de desagravo. Com lágrimas e palavras de ordem! Inesperado estatuto para uma canção que chocou a moral da época ao cantar "quem faz um filho fá-lo por gosto". "
foto e artigo in DN, data não identificada

quinta-feira, 5 de março de 2009

40 anos de Desfolhada - #3 - Simone e a "Desfolhada"

Esta "Desfolhada" que nos vai representar em Madrid começou por ter história muito antes de uma classificação a ter imposto como a melhor. Destinada pelos autores a Elisa Lisboa, a breve trecho se concluiu que ensaios, gravações, provas de vestido e cabeleireiros se não coadunavam com a actividade da jovem amadora, integrada no elenco artístico do Teatro Experimental de Cascais. Houve uma hipótese chamada Verónica (que Ary dos Santos pôs de parte ao ouvir um dos seus discos), antes de se solicitar a colaboração de Simone. Feita muito a medo, teve entretanto a melhor correspondência da cançonetista que, nestes felizes instantâneos de Henrique Fúzia, vemos assistindo às démarches desenvolvidas (telefonicamente) para apanhar o maestro Joaquim Luís Gomes "um caso de vida ou de morte" foi o meio (eficaz) para uma rápida comparência que terminou em longo abraço. Depois, trabalho no duro, logo com a primeira experiência de tom e de voz. Dificuldades (afinal) em glória...



Fonte: Jornal "Num País Chamado Simone"

quarta-feira, 4 de março de 2009

40 anos de Desfolhada - #2 - Deshojada

Imagem retirada do site http://esc1969.no.sapo.pt/

En 1969, Eurovisión en Madrid. Simone de Oliveira vuelve a intentarlo por Portugal con "Desfolhada" ("Deshojada"). El título original de la canción sonaba tan mal en la España de Franco, que automáticamente fue traducida al castellano. Así, en el rótulo se puso "Deshojada", y Uribarri, que se estrenaba ese año como comentarista de Eurovisión, tampoco se atrevió a pronunciar el título en portugués. El tema quedó en el anteúltimo puesto.

segunda-feira, 2 de março de 2009

40 anos de desfolhada #1

foto retirada do blog http://festivaistv.home.sapo.pt/

"Mãe, cante bem. Cante para mim"

(Pedido feito pela filha da Simone antes do festival)

Imprensa - Record - 1999

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Simone 1969 - 40 anos de Desfolhada



Março de 1969 - O festival RTP da canção desse ano ficaria marcado pela canção de José Carlos Ary dos Santos e de Nuno Nazareth Fernandes - A Desfolhada.

Escrita, numa primeira fase para Amália Rodrigues, teve como primeira escolha Elisa Lisboa e como segunda escolha Madalena Iglésias.

Mas foi Simone que lhe deu vida e voz no palco do teatro S.Luiz e no teatro real de Madrid. O verso "Quem faz um filho fá-lo por gosto" foi cantado de tal forma que chegou aos dias de hoje.

A foto (retirada do blog Rua dos dias que voam), mostra a Simone desse ano

Este vai ser o mês da DESFOLHADA aqui no Canto de Simone.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

“É a nossa maior diva.” – Simone de Oliveira em entrevista exclusiva à revista TV Guia – 2ª parte

Que foi uma consequência de…

… violência doméstica. De um casamento de onde fugi por violência doméstica. Foi um tratamento que foi preciso inventar ao tempo – a minha filha vai fazer 50 anos, e não é certamente dessa ligação –, pois não havia nada. Quero dizer, não havia o que há hoje, a psiquiatria, a psicologia, o Xanax, os Prozacs…

Não quer falar, e eu, evidentemente, respeito isso. Mas foi uma violência muito marcante?

Eu fugi.

Foram três meses. O casamento durou três meses…

Sim. Talvez nem tanto.

Mas casou-se por amor?

Acho que sim.  Devia estar um bocadinho distraída. Repare: você ponha isto há cinquenta anos. Tinha 19 anos quando casei. E as mulheres casavam e tinham filhos e ficavam em casa a tomar conta das crianças…

… e era esse o seu objectivo de vida, aos 19 anos?

Não, eu teria sido… [pausa] Nunca pensei cantar. Jamais, em tempo algum. O meu sonho era ser professora de Germânicas.

Namoravam, casavam e tinham uma vida tranquila. Era esse o sonho das mulheres de então?

Era o objectivo de qualquer rapariga de 18 anos, daquela altura, em 1956. Uma vida pequeno-burguesa. O meu pai era chefe de uma fábrica, não era português. Talvez daí o meu lado um bocado diferente de uma mulher completamente portuguesa. O meu pai era um homem verdadeiramente extraordinário, brilhante. O meu pai era, e ainda é, o homem.

Como é que o seu pai reagiu quando soube que a sua filha ia casar-se aos 19 anos?

Tranquilamente. Naquela altura era normal. Era normal casar-se pela Igreja… Haveria já uns casamentos civis, mas muito poucos, muito poucos.

Portanto, casou pela Igreja?

Casei, casei. Em 1957, ou 56, já nem me lembro!

Imagem04Esta é a 2ª parte de uma grande entrevista de Simone de Oliveira à TV Guia da semana de 13/02/09 a 19/02/09. Pedimos desculpa pela qualidade das fotografias mas foi a única maneira de as podermos partilhar convosco. Esperamos compreensão.

Imprensa - Simone - Entrevista ao DNa




brevemente....

Imprensa - Simone - "Confesso que vivi"


Abril de 1999


Simone dá uma entrevista á revista "Amoreiras"

A editora da revista anunciava, assim, a entrevista

"Palavras para quê, é uma artista portuguesa que todos conhecem. Todos, talvez não... As gerações mais novas não têm essa sorte. O meio artístico português é cruel para com os consagrado. Simone de Oliveira está na nossa capa e está muito bem" (Maria José G. Sousa)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Canto de Simone - Era o verde

Poema de Simone de Oliveira



Era o verde
Era o verde
Que havia no teu olhar
Que de tão verde e brilhante
em tudo se parecia
Com outro verde que havia
No mar, no céu,
na maresia
Daquela terra distante

Era o verde
Era o verde
Que havia no teu olhar

Era a terra
Era a terra
Que entrava naquela casa
Onde janelas imensas
Sem cortinas penduradas
Rasgam paredes caiadas
E o amor é guarda-vento
Nas portas escancaradas
Era a terra
Era a terra
Que entrava naquela casa


Era a força
Era a força
Por dentro da madrugada
Ela sim, senhora e dona
De mandar embora o vento
Daquela casa encantada
Onde o Sol para se aquecer
Ficou a morar na escada
Era a força
Era a força
Por dentro da madrugada


E assim a gaivota filha
Parida deste sonhar
que tem sido a minha vida
É a terra e mais a força
Tem verde mar no olhar
É o meu país saudade
A crescer noutro lugat


Ai a terra
Ai a força
Ai o verde
Ai o mar

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Discos de Simone - À Tua Espera

Lado 1

À Tua Espera
(ToZé Brito/Pedro Brito)

Canção concorrente ao Festival O.T.I. 1980

Lado 2

Te Espero
(ToZé Brito/Pedro Brito/A. Garrido)



Fialho Gouveia, jornalista da RTP que acompanhou Simone no Festival O.T.I. 1980, contava que durante o ensaio geral, depois de Simone ter cantado "À Tua Espera" a orquestra não se conteve e levantou-se para aplaudi-la. Sempre a nossa Simone!

À Tua Espera

Primeiro são os teus passos pela escada.
A madeira a dizer-me que chegaste.
Depois a porta
a pouco e pouco aberta.
e o silêncio que só prova que já entraste
Pela luz do teu cigarro eu adivinho
Que caminho tem as roupas pelo chão
E tu pensas que eu ainda estou dormindo
E eu penso que aprendi já a lição
E então, pé ante pé, braço ante braço
Deitas-te a meu lado quase a medo
E atrasas o relógio que há no quarto
Para, se eu acordar, pensar ainda é cedo
E cedo, sinto e sofro a tua mão
Descendo pelo meu corpo devagar
Eu penso que aprendi já a lição
E juro que não vou nunca mais acordar
Pergunto-te a dormir
- que horas são?
Protesto, digo não mas, como sempre
Acabo com os teus lábios no meu peito
E os teus dedos brincando ardendo no meu ventre
E abro-te o meu corpo de mulher
Esqueço a raiva, a mágoa, as amarguras
Cá dentro nasce o sol, já é manhã
E o relógio do quarto ainda bate as duas
Primeiro são os teus passos pela escada....
Comentário de Simone sobre esta cantiga no Intimidades (2002) "esta tem só um bocadinho de malandrice"