quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Simone ao vivo no Dª.Maria II - Algumas canções do meu (nosso) caminho

Título: Algumas canções do meu caminho
Autor: Simone de Oliveira
Publicação: BMG, 1992


Simone na altura estava em cena com "Passa por mim no Rossio". Foi, neste espectáculo, a primeira cantora de música ligeira a pisar o palco do nacional, num concerto. Curiosamente as portas do mesmo teatro foram fechadas à mesma Simone, na altura do espectáculo dos 50 anos.


O alinhamento do disco (um dos mais soberbos)


FAIXAS:

Disco 1:
1. Abertura orquestral.
2. Medley português.
3. Auto retrato.
4. Não é verdade.
5. Porto sentido.
6. Viagem.
7. Visita de camarim.
8. Cidade.
9. Je reviens te chercher.
10. Era o verde.
11. Poema em tom maior.
12 No teu poema.

Disco 2:
1. Carlos do Carmo - Estrela da tarde.
2. Apresentação.
3. À tua espera.
4. Labrador de quimeras.
5. Palavras gastas.
6. Tango ribeirinho.
7. Sete letras.
8. Apenas o meu povo.
9. Um amigo que eu canto.
10. Esta Lisboa que eu amo.
11. Desfolhada.
12. Final.

domingo, 26 de outubro de 2008

Simone em homenagem a José Carlos Ary dos Santos

Simone foi a voz feminina de Ary dos Santos. Muitas foram as palavras do poeta que são cantadas pela Simone. "Desfolhada", "Apenas o meu povo", "O nome", "A Cidade", "Sete Letras", "Avé Maria do Povo" e "Tango Ribeirinho" são alguns dos poemas que a artista canta.

No vídeo, numa gala da Operação Triunfo da RTP, Simone canta um excerto de "Apenas o meu povo".

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Simone - Vila Faia (2008)

Na vertente de actriz, Simone faz parte do remake de Vila Faia, no papel de Ifigénia (papel anteriormente interpretado por Mariana Rey Monteiro)
Neste vídeo promocional de Vila Faia, Simone fala-nos da relação Simone-cantora da Simone-actriz.



quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Discos de Simone - O Burrinho


Esta é a capa do 1º EP da carreira de Simone de Oliveira (que tenhamos conhecimento, claro está). É o disco ALVORADA MEP 60 103.

Como sabem os EP'S tinham, normalmente, 4 faixas apenas, duas de cada lado. Este de que se fala hoje tinha as seguintes cantigas:
  • O burrinho
  • Agora
  • Eh pá do fado
  • Vocês sabem lá
As faixas Eh pá do fado e Vocês sabem lá foram reeditadas, mais tarde, no CD da Série Ouro: Grandes Êxitos, Simone de Oliveira.

De seguida, deixo-vos a letra da cantiga Eh pá do fado que consta deste seu 1º EP. Letra: Fernando Farinha. Música: Mário José Lopes. Canta: Simone de Oliveira.

O fado perdeu a raça
aquela raça afadistada
deixou de ser desordeiro
e companheiro da ramboiada
Estas fadistas d'agora
trazem o fado virado
nas boites, nos salões
cantam canções
em vez de fado

Eh pá não fiques calado
eh pá canta lá o fado
o fado é assim, meus senhores
com o vinho da pipa a correr
assim malcriado e avinhado
é que o fado é fado a valer
o fado é assim, meus senhores
com o vinho da pipa a correr
assim malcriado e avinhado
é que o fado é fado a valer

O fado hoje é pra banqueiros
e pra estrangeiros e pra doutores
e os fadistas são artistas
não são fadistas, já são cantores
É cantado nas boites
assim armado em finório
o fado mudou de rumo
já tem consumo obrigatório

Eh pá não fiques calado
eh pá canta lá o fado
o fado é assim, meus senhores
com o vinho da pipa a correr
assim malcriado e avinhado
é que o fado é fado a valer
o fado é assim, meus senhores
com o vinho da pipa a correr
assim malcriado e avinhado
é que o fado é fado a valer

Eh pá não fiques calado
eh pá canta lá o fado
o fado é assim, meus senhores
com o vinho da pipa a correr
assim malcriado e avinhado
é que o fado é fado a valer.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Século Ilustrado - Março de 1969


Simone no Maxime

"Se perguntarem se eu ainda canto, respondam por mim."

Esta foi a frase final no concerto de Simone de Oliveira. Aos 70 anos (e 50 anos de carreira), a grande cantora das palavras, dos sentimentos, da raiva, dos amores e dos poetas deu um concerto que fica na memória de todo o público que esteve no Maxime

15 músicas, 60 minutos sabem sempre a pouco, quando temos uma Simone que canta cada vez mais com a alma. E com as mãos. E acima de tudo, com uma voz grave e quente, própria da artista.

A Rosa e a Noite, Sete Letras, Apenas o meu Povo, Sol de Inverno, entre outras, foram alguns dos êxitos que foram apresentados ao público.

Para quem esteve lá, a resposta à pergunta é apenas uma: Simone continua a cantar, com uma voz firme e com uma presença em palco inédito neste país.

domingo, 19 de outubro de 2008

"Eu, Simone, me confesso"

Com uma infância e uma adolescência felicíssimas, Simone de Macedo e Oliveira afirma ter tido os melhores pais do mundo (Guy de Macedo e Oliveira e Maria do Carmo Lopes da Silva). Nasceu no dia 11 de Fevereiro de 1938, em Lisboa às 00h30. Aos 8 meses, foi viver para uma quinta nos Olivais onde o pai era gerente de uma fábrica. Ali viveu até aos 10 anos. A cantora define-se, enquanto criança, como uma menina «pacífica, bonacheirona e gordinha, a quem não faltavam sequer caracóis. A minha mãe chamava-me "pé-põe", de tão pachorrenta que eu era. Tinha de facto uma brandura que pouco tem a ver com a genica de hoje e que, só mais tarde quando foi preciso, se revelou...»

Aos 19 anos casa-se porque achava que era isso que queria. Enganou-se e passados apenas dois meses, estava de volta a casa dos pais. Entrou em depressão e o médico deu-lhe como cura terapia ocupacional. Foi-se inscrever no Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional. Depois de a ouvir cantar, Mota Pereira perguntou-lhe “Mas onde é que você estava?”. Finalmente, Simone tinha descoberto o seu caminho. Depois, venceu o I Festival da Canção Portuguesa em 1958 quando este ainda era apenas passado na rádio. Tinha nascido uma nova estrela do nacional-cançonetismo, estrela essa que deixava adivinhar em cada nota da sua voz, a força com que cantava. Fez teatro. Estreou-se em 1962 no Avenida. E depois, o Parque Mayer. Noitadas com os colegas a ensaiar aquela cantiga ou a decorar aquele texto. Mais tarde os Festivais da Canção transmitidos pela RTP. Em 1965, cantou o Sol de Inverno, dos autores Nóbrega e Sousa e Jerónimo Bragança, que a levou a Nápoles. Já os seus filhos tinham nascido, a Maria Eduarda e o António Pedro, e Simone continuava a fazer o que queria e a dizer o que lhe apetecia.

“1969 é o ano da Desfolhada”. Canção que lhe foi parar às mãos por uma desistência de uma colega, Elisa Lisboa. Entrou em palco, mal vestida, mal penteada e com o poema mal decorado. Olhou e viu quem não queria ver no meio do público. “Felizmente que aquilo me deu para canalizar a raiva para a canção.” Ninguém ficou indiferente à raiva com que o “Quem faz um filho/ Fá-lo por gosto” foi cantado, poema de Ary dos Santos e música de Nuno Nazareth Fernandes. Poucos meses depois, perde a voz. O médico diz-lhe que não pode voltar a cantar e Simone, com dois filhos para criar, arregaça as mangas e atira-se ao jornalismo.

Em 1973, eis que a estrela volta a brilhar. Carlos do Carmo convida Simone para cantar num espectáculo e afinal, a estrela podia voltar a cantar! Desde aí, nunca mais parou. Revistas em tourneé pelo país, a gerência de um restaurante, as cantigas. No ano de 1984, Simone gravou o seu único disco de fados Simone mulher, guitarra. Foi reeditado em 2003 em CD e tem na produção Carlos do Carmo e na escolha dos poemas Ary dos Santos. Com cinco poemas de Ary e outros cinco de Luiz de Camões, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Florbela Espanca e Miguel Torga, Simone dá voz ao fado neste seu disco. Em 1988, estava em cena com a Revista “Canção Popular – Cheira a Lisboa”. A vida estava prestes a pregar-lhe outra partida. A Revista foi em tourneé para o Porto e foi aí, no camarim nº5 do Teatro Sá da Bandeira, que Simone descobriu o inevitável. Tinha cancro de mama. Mas ainda não foi dessa que a árvore se desfolhou. Foi operada, curou-se e continou a sua carreira.

Apresentou o Piano Bar na RTP e fez inúmeras peças de teatro e musicais entre elas o papel de Genoveva na Tragédia da Rua das Flores, Passa Por mim no Rossio, Maldita Cocaína, Marlene e, recentemente, Conversas de Camarim. Fez telenovelas como Roseira Brava, Vidas de Sal, Filhos do Vento, Senhora das Águas, Morangos com Açúcar, Tu e Eu e o remake de Vila Faia. Cantou poetas como Eugénio de Andrade (Adeus (palavras gastas)), David Mourão-Ferreira (Começar de Novo), Luiz de Camões (Alma Minha Gentil), Vasco Lima Couto (A Rosa e a Noite), entre muitos outros. Simone diz ter sido com a ajuda do seu marido, Varela Silva que tanto confraternizava com poetas, que se entregou à poesia nas cantigas e não só.

No cinema estreou-se em 1964 com Canção da Saudade. Ainda participou nos filmes Operação Dinamite, Cântico Final e A Estrangeira. Foi escolhida por Amália Rodrigues para representar Portugal no Festival da Canção do Rio de Janeiro com Começar de Novo de David Mourão-Ferreira. Foi também escolhida por Amália para actuar junto dela no Olimpya de Paris em 1967.

Em 2007, Simone comemorou os seus 50 anos de carreira fazendo o seu primeiro Coliseu, já em 2008, com o espectáculo "Um País chamado Simone".