Aos 19 anos casa-se porque achava que era isso que queria. Enganou-se e passados apenas dois meses, estava de volta a casa dos pais. Entrou em depressão e o médico deu-lhe como cura terapia ocupacional. Foi-se inscrever no Centro de Preparação de Artistas da Emissora Nacional. Depois de a ouvir cantar, Mota Pereira perguntou-lhe “Mas onde é que você estava?”. Finalmente, Simone tinha descoberto o seu caminho. Depois, venceu o I Festival da Canção Portuguesa em 1958 quando este ainda era apenas passado na rádio. Tinha nascido uma nova estrela do nacional-cançonetismo, estrela essa que deixava adivinhar em cada nota da sua voz, a força com que cantava. Fez teatro. Estreou-se em 1962 no Avenida. E depois, o Parque Mayer. Noitadas com os colegas a ensaiar aquela cantiga ou a decorar aquele texto. Mais tarde os Festivais da Canção transmitidos pela RTP. Em 1965, cantou o Sol de Inverno, dos autores Nóbrega e Sousa e Jerónimo Bragança, que a levou a Nápoles. Já os seus filhos tinham nascido, a Maria Eduarda e o António Pedro, e Simone continuava a fazer o que queria e a dizer o que lhe apetecia.
“1969 é o ano da Desfolhada”. Canção que lhe foi parar às mãos por uma desistência de uma colega, Elisa Lisboa. Entrou em palco, mal vestida, mal penteada e com o poema mal decorado. Olhou e viu quem não queria ver no meio do público. “Felizmente que aquilo me deu para canalizar a raiva para a canção.” Ninguém ficou indiferente à raiva com que o “Quem faz um filho/ Fá-lo por gosto” foi cantado, poema de Ary dos Santos e música de Nuno Nazareth Fernandes. Poucos meses depois, perde a voz. O médico diz-lhe que não pode voltar a cantar e Simone, com dois filhos para criar, arregaça as mangas e atira-se ao jornalismo.
Em 1973, eis que a estrela volta a brilhar. Carlos do Carmo convida Simone para cantar num espectáculo e afinal, a estrela podia voltar a cantar! Desde aí, nunca mais parou. Revistas em tourneé pelo país, a gerência de um restaurante, as cantigas. No ano de 1984, Simone gravou o seu único disco de fados Simone mulher, guitarra. Foi reeditado em 2003 em CD e tem na produção Carlos do Carmo e na escolha dos poemas Ary dos Santos. Com cinco poemas de Ary e outros cinco de Luiz de Camões, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Florbela Espanca e Miguel Torga, Simone dá voz ao fado neste seu disco. Em 1988, estava em cena com a Revista “Canção Popular – Cheira a Lisboa”. A vida estava prestes a pregar-lhe outra partida. A Revista foi em tourneé para o Porto e foi aí, no camarim nº5 do Teatro Sá da Bandeira, que Simone descobriu o inevitável. Tinha cancro de mama. Mas ainda não foi dessa que a árvore se desfolhou. Foi operada, curou-se e continou a sua carreira.
Apresentou o Piano Bar na RTP e fez inúmeras peças de teatro e musicais entre elas o papel de Genoveva na Tragédia da Rua das Flores, Passa Por mim no Rossio, Maldita Cocaína, Marlene e, recentemente, Conversas de Camarim. Fez telenovelas como Roseira Brava, Vidas de Sal, Filhos do Vento, Senhora das Águas, Morangos com Açúcar, Tu e Eu e o remake de Vila Faia. Cantou poetas como Eugénio de Andrade (Adeus (palavras gastas)), David Mourão-Ferreira (Começar de Novo), Luiz de Camões (Alma Minha Gentil), Vasco Lima Couto (A Rosa e a Noite), entre muitos outros. Simone diz ter sido com a ajuda do seu marido, Varela Silva que tanto confraternizava com poetas, que se entregou à poesia nas cantigas e não só.
No cinema estreou-se em 1964 com Canção da Saudade. Ainda participou nos filmes Operação Dinamite, Cântico Final e A Estrangeira. Foi escolhida por Amália Rodrigues para representar Portugal no Festival da Canção do Rio de Janeiro com Começar de Novo de David Mourão-Ferreira. Foi também escolhida por Amália para actuar junto dela no Olimpya de Paris em 1967.
Em 2007, Simone comemorou os seus 50 anos de carreira fazendo o seu primeiro Coliseu, já em 2008, com o espectáculo "Um País chamado Simone".
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