domingo, 26 de abril de 2009

Simone e os 50 anos de carreira....de Alvim

O comunicador Fernando Alvim lançou recentemente o livro"50 anos de carreira". O título foi inspirado no facto de Simone ter comemorado tal marca em 2008

A reportagem é do programa da TVI Caia quem Caia onde Simone foi apanhada numa entrevista hilariante


Simone e Vitor de Sousa em Loulé - conferência "Horizontes do Futuro"

[texto retirado do site www.regiao-sul.pt, autoria de PM/RS]

"Simone de Oliveira, um símbolo e exemplo para todas as mulheres portuguesas pelo seu percurso de vida e carreira, e Vítor de Sousa, actor e “declamador” de poesia como poucos em Portugal, foram os dois convidados de mais uma conferência “Horizontes do Futuro”, que decorreu na noite do passado dia 23, no Salão Nobre da Câmara de Loulé.
Num tom mais informal do que as conferências anteriores e perante um público marcadamente feminino, os dois convidados abordaram diversos temas do passado, sobretudo sobre as suas vivências pessoais e num diálogo entre ambos e o público, que abarcou várias situações do quotidiano passado e presente, perspectivando o que poderá ser o futuro da sociedade portuguesa e do papel da Mulher. Amigos de longa data, os dois artistas têm partilhado o palco, por exemplo na célebre peça inspirada “A Tragédia da Rua das Flores”, ou nas “Conversas de Camarim”. E essa cumplicidade foi bem notória ontem à noite, até nos poemas escolhidos por Vítor de Sousa para declamar nesta noite, de poetas como Ary dos Santos, Sophia de Mello Breyner Andresen, Rita Olivais, Alda Lara ou Rosa Lobato Faria.
Apesar de assumir que tem “um feito um pouco complicado”, Simone referiu que são pontos a seu favor a sua frontalidade e o facto de se bater sempre pelas suas ideias e não aceitar injustiças e má educação. Talvez tenha sido esse o segredo do seu sucesso enquanto artista mas também o que lhe permitiu ultrapassar as diversas contrariedades da vida. E foi por aí que Simone começou. Pelo seu primeiro casamento, com apenas 19 anos, que não durou mais de 2 meses devido às agressões físicas por parte do marido e que a levaram a fugir de casa. “O que me choca é que hoje continuamos a ter imensos casos de violência doméstica”, referiu, adiantando que “somos o país do faz de conta”. Mas apesar da mágoa deste momento que marcou a sua vida, Simone retira dele o lado positivo pois foi a partir daí que começou a cantar “por recomendação médica, pois nessa altura ainda não havia o Prozac”.
A forte ligação com os seus filhos (“são a coisa mais importante da minha vida”) e as dificuldades em registá-los depois da separação, face às dificuldades burocráticas nesta matéria impostas pela Ditadura, e os relacionamentos com Henrique Mendes e Varela Silva também serviram de tema à conversa.
Mas como não podia deixar de ser, as questões mais controversas da sua carreira como a rivalidade com Madalena Iglésias (“uma mulher extremamente bonita e muito certinha”) ou o facto de a conotarem com o regime de Salazar serviram também para algumas reflexões. E quando questionada por Vítor de Sousa sobre “onde estavas tu no 25 de Abril?”, a intérprete da “Desfolhada” descreveu “o bonito dia de sol” em que ia dar um concerto em Almada mas que foi cancelado por causa do movimento revolucionário. A política, de resto, foi um dos assuntos abordados e sobre o qual Simone disse manter uma certa distância, até porque considera que um dos problemas actuais é “a falta de credibilidade dos políticos” e também o facto de “haver poucas mulheres na política”. “Nunca fui muito interessada politicamente mas apoiei alguns presidentes da República como Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio”, adiantou.
Também em relação à religião manifestou a sua descrença nos mandamentos da Igreja e nas suas posições polémicas face, por exemplo, ao uso de contraceptivos. “Se a Igreja quer ser credível tem que dar exemplos que não dá. Não acredito nos padres. Os homens é que fizeram as leis da Igreja. Porque é que o preservativo é pecado?”, questionou. Mas, por outro lado, assumiu perante o público louletano o seu lado esotérico que a faz irradiar energia positiva. De José Carlos Ary dos Santos, autor de muitas das canções que marcam a sua carreira e também amigo do coração, contou alguns episódios especiais. E foi precisamente quando Vítor de Sousa declamou um poema de Ary dos Santos intitulado “Nome” e dedicado à cantora que Simone mais se emocionou.
Para encerrar a noite, Simone deixou um conselho às mulheres portuguesas e que tem sido um lema na sua vida, mesmo nos momentos mais difíceis como foi o período em que lutou contra o cancro: “Acreditem no sonho! Acreditem sempre que vale a pena pois não podemos perder a capacidade de sonhar e de amar!”.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Simone em entrevista à revista CARAS

“Tenho sido posta à prova durante toda a minha vida”

(entrevista retirada do site caras.pt. Texto de Cláudia Alegria. Destaques da responsabilidade da equipa do "O Canto de Simone")

Ao longo dos seus 71 anos, a cantora já foi vítima de violência doméstica e superou dois cancros da mama. É uma mulher de garra, de paixões assolapadas. Vive intensamente as alegrias, os sucessos, os problemas... enfim, a vida. São 71 anos de reconhecido talento para a música e para a representação, durante os quais também enfrentou muitas vicissitudes e contrariedades. A primeira foi aos 19 anos, quando percebeu que era vítima de violência doméstica. Por isso, ao fim de apenas três meses de casada, decidiu fugir de casa. Pouco depois entrou em depressão, da qual só conseguiu sair graças à música. Enfrentou duas vezes o drama do cancro da mama: o primeiro há 21 anos, o último há dois. Amarguras que nunca lhe conseguiram roubar a alegria de viver. “Adoro viver! Continuo a gostar de sair à noite, de guiar, de beber um copo”, assegurou Simone de Oliveira nesta entrevista à CARAS.


– Comemorou recentemente 50 anos de carreira, 71 de idade. Apesar de todas as contrariedades, o balanço de vida continua a ser positivo?

Simone de Oliveira – Com certeza. Uma pessoa que chega a esta idade, que tem a sorte de ser entrevistada para a CARAS, é estar no pico do mundo! [risos] Têm sido 70 anos muito bons, misturados com alguns balanços de saúde menos positivos, mas, uma vez mais, ultrapassados. Estou convencida de que tenho uma ‘estrelinha’ que me tem apoiado. Não digo que seja Deus, porque não vou muito por aí...


– Mas é católica?

– Sim, mas não sou praticante. Sou baptizada, fiz a Comunhão Solene e o Crisma, e, infelizmente, casei-me pela Igreja.

– Infelizmente porquê?

– Porque mais tarde isso me impediu de muitas coisas, inclusivamente de baptizar os filhos que tive posteriormente, noutra relação. Tive de esperar dez anos para que eles não ficassem com o nome do meu primeiro marido.

– Sente que tem sido constantemente posta à prova?

– Sinto. Aliás, começou muito lá atrás...


– Com uma depressão aos 19 anos, por causa do seu primeiro casamento…

– Sim, fui vítima de violência doméstica. Casei-me aos 19 anos, mas separei-me logo. Tive medo e fugi. Hoje fala-se muito de violência doméstica, mas há 50 anos toda a gente tinha vergonha de falar nisso e medo de voltar para casa. Mas eu tive a sorte de ter um pai e uma mãe brilhantes.

– Há dois anos descobriu outro tumor maligno na mama, 20 anos depois de ter combatido o primeiro. Sentiu diferenças na forma como foi tratada?

- Senti diferença no método e na forma de tratamento. Há 20 anos fiz 50 sessões de radioterapia e desta vez fiz mais 35. Agora entrei numa espécie de nave espacial, com raios laser e portas de aço, da outra vez entrei numa casinha, deitei-me numa marquesa com um aparelho muito grande por cima de mim, e a única coisa que ouvia era o bater do meu coração e o tiquetaque do relógio. A senhora que trabalhava naquele consultório disse-me que um dia havia de morrer de cancro, e morreu, porque a sala não tinha protecção nenhuma... Desta última vez fiz os tratamentos durante as gravações de uma telenovela, porque não me senti agoniada nem maldisposta.

– Chorou nessa altura?

– Não, desta vez não chorei. Da outra vez chorei duas vezes violentamente, uma delas agarrada às mãos do meu filho. Eu fujo à frente do medo! Nunca deixei de fazer os exames de seis em seis meses, mas a verdade é que das duas vezes fui eu quem se apercebeu de que algo estava errado, o que os médicos acabaram por confirmar. Tenho tido muita sorte... Desejava ardentemente que todas as mulheres que passam por isto tivessem sempre a sorte que eu tenho tido. Claro que cada tumor é um tumor, cada pessoa é uma pessoa, mas também acredito muito na força da nossa mente.


– Com uma vida tão rica, o que lhe falta ainda fazer?

– Morrer... Tenho 71 anos, dois filhos, quatro netos, tenho os prémios todos deste país, as condecorações, continuo a ter a voz óptima, um cabelo maravilhoso... Um dia destes saio de casa, levo com um tijolo na cabeça, e acordo a cantar a Desfolhada para o São Pedro. O que me falta fazer? Já não vou ter uma casa com piscina, nem ganhar discos de platina ou tão-pouco cantar mais 50 anos e viver mais 70.


– Continua a deixar o candeeiro da sua sala aceso, como passou a fazer desde que o seu marido, Varela Silva, morreu?

– Sim, continua aceso nesta altura, mas um dia destes perco esse hábito.

– Já tentou fazê-lo?

– Já, mas depois chego à rua e acabo por voltar atrás para o acender.

– Sente o peso da solidão?

– Há ocasiões. Eu sou naturalmente uma pessoa solitária, embora tenha muitos amigos à minha volta. Vivo sozinha e às vezes não é muito confortável chegar às 11h da noite e pensar que me pode acontecer alguma coisa e não ter tempo de chegar à porta...

– Nunca ponderou voltar a partilhar a sua vida com alguém?

– Tenho uma casa de duas assoalhadas. Se entrasse alguém por uma porta, eu teria de sair por outra! [risos] Não viveria jamais com ninguém.


– Jamais?

– Estou tão bem assim... Saio com quem quero, almoço e janto com quem quero... Vivi 33 anos com o Varela, 17 dos quais maritalmente... Não voltaria a viver dentro da mesma casa com outro homem. Tinha de ser alguém alto, bonito, com uma idade compatível com a minha, inteligente, rico, não chato, e viúvo ou divorciado, para poder estar comigo calmamente. Não dava muito jeito agora ter de andar a fugir de porta em porta... Já o fiz há muitos anos, não tenho vergonha nenhuma de o dizer. Mas com esta idade, ainda por cima com uma prótese da anca, tinha que andar de bengala rua acima rua abaixo, não dava jeito nenhum!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Porque É Que Nunca Ganhámos A Eurovisão?" - espectáculo com Simone

Festival RTP da Canção de 1997. Simone fazia 40 anos de carreira. Na altura, fazia televisão (novelas Roseira Brava e Vidas de Sal), rádio (Se a manhã se despenteia) e teatro (Quem tem boca vai ao Roma).
Além de toda a actividade profissional, participava com alguma regularidade nas galas da RTP produzidas por Filipe La Féria.
O tema do espectáculo do Festival da Canção era o facto de Portugal nunca ter ganho. De destacar a caricatura de Helena Isabel e a interpretação de Apenas o Meu Povo pela Simone


Simone e Amália @Piano Bar

Simone teve o seu próprio talk show nos anos 80. Chamava-se Piano Bar. Nele, as entrevistas às personalidades da época e a música. Tudo ao estilo e com a forte marca de Simone.
No último programa, a entrevista a Amália Rodrigues. A uma Amália que mostra as suas fragilidades (como a referências às tentativas de suicídio) tal como mostra o seu humor inteligente.
O Canto de Simone publica aqui esta gravação de autoria de "antoniomcmoreira". Uma entrevista para ver e aprender



domingo, 12 de abril de 2009

Simone - Os Gatos

O poema é de José Carlos Ary dos Santos. "Os Gatos" foram escritos para os 25 anos de carreira de Simone num projecto que nunca saiu do papel. Desse projecto fazem parte poemas como "A Cidade", "O País do Eça", "O nome" entre outras.

O espectáculo é a Vez e a Voz, espectáculo de comemoração dos 25 anos de carreira de Simone

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fotos de Simone

(Foto retirada do blog http://ruimoraisdesousa.blogspot.com/)

40 anos de Desfolhada - Simone no "Uma canção para ti - 2009"

O programa da TVI, "Uma canção para ti" pretende mostrar novos talentos. Goste-se ou não, tem a grande virtude de mostrar o que temos de melhor: a música portuguesa.
Neste vídeo 3 concorrentes cantam a Desfolhada com Simone. Note-se a humildade da Simone e a frescura da Desfolhada, 40 anos depois do festival